Aos 32 anos, Tamires Maria Gonçalves descobriu que a vida pode mudar completamente em questão de dias, e que, mesmo diante do medo, a fé é capaz de abrir caminhos de esperança. Natural de Nova Era, mas residente em Bela Vista, ela sempre se considerou uma mulher forte, independente e sonhadora. Até que, em outubro de 2018, recebeu um conselho que mudaria sua vida: fazer o autoexame.
O diagnóstico e o início da luta
”Eu fui visitar uma paciente que estava se tratando aqui no HNSD e ela falou pra mim:‘é muito importante você fazer o autoexame’”, lembra Tamires. “Eu falei: ‘ah, eu só tenho 32 anos, não faço isso não’. Mas depois fiquei com aquilo na cabeça e consultei o PSF, depois fui no clínico, fui no ginecologista… e fui descobrindo que realmente precisava investigar.”
Os primeiros momentos após o diagnóstico foram difíceis. “Impactou muito, porque eu estava no processo de separação e tinha meu menino, que tinha seis anos na época. Eu não tinha mais pai nem mãe e me senti perdida, sem saber para que lado ir. A primeira coisa que a gente pensa é: quem vai cuidar do meu menino? Foi desesperador.”
O tratamento e a fé


Fotos: Arquivo Pessoal
O tratamento foi desafiador, cheio de medos e mudanças. “O primeiro desafio foi o cabelo. Eu tive que raspar. E quando você vê que cai tudo mesmo, é um desafio muito grande pra se aceitar daquele jeito”, lembra Tamires.
Ela não usou peruca nem lenços: “Eu não usei nada, eu vinha para minhas consultas, todo lugar que eu ia, até festa, eu ia careca”.
Apesar das dificuldades, Tamires conseguiu enxergar o lado positivo: “Depois do primeiro impacto, comecei a extrair só o lado bom. Tive tempo mesmo para ler, assistir televisão e aproveitar momentos simples com meu filho”.
A fé também foi um suporte constante: “Nunca perdi a fé. Eu acordava todos os dias e dizia: Senhor, me dá força só pra hoje. E Ele dava.”
A força do acolhimento
Durante o tratamento, o carinho recebido no HNSD foi um dos maiores confortos. Ela lembra que o cuidado foi sentido em cada detalhe, desde a equipe da limpeza até os médicos.
“Todo mundo. Eu amo todo mundo aqui, de coração. Sempre falo que aqui é a minha cidade. Fui muito bem recebida, muito mesmo. A gente é bem acolhida, as meninas fazem questão da gente, não deixam a gente esquecer de buscar a medicação, ligam se você não aparecer.”
Quando o cuidado vem do lado de casa
Durante o período mais delicado do tratamento, quando as marcas físicas da doença começaram a aparecer, Tamires viveu um dos momentos mais simbólicos da sua caminhada.
“No quarto dia depois que raspei o cabelo, minha vizinha Waléria chegou carequinha e me deu força. Ela me falou: ‘Cabelo não é nada. A gente não deixa de estar viva ou de ter amigos por causa do cabelo’.”
O gesto, simples e ao mesmo tempo imenso, representou mais do que solidariedade, foi um espelho de coragem. Ver alguém tão próxima se colocar no mesmo lugar que ela, voluntariamente, fez com que Tamires se sentisse menos sozinha.
“Aquilo me tocou demais. Era como se Deus tivesse usado ela pra me mostrar que o que importa não é o que a gente vê no espelho, e sim o que tem dentro da gente”, relembra emocionada.
Essas demonstrações, somadas ao acolhimento que encontrou no Hospital, ajudaram Tamires a reconstruir sua autoestima e seguir em frente com serenidade.
Mensagem para outras mulheres

Com voz serena e olhar firme, Tamires deixa uma mensagem para quem está enfrentando o diagnóstico.
“Tenha fé. Acredite em você e em Deus. Cada fase tem seu propósito, e o tratamento, por mais difícil que seja, é o caminho pra cura. Permita-se sentir, chorar, mas não se entregue. Você é mais forte do que imagina. E nunca se esqueça: tudo passa, e o amor vence no final.”
