Receber um diagnóstico de câncer é, para muitos, como ouvir o mundo parando por um instante. Mas para a assistente social, Walquíria Vieira da Conceição, de 57 anos, a notícia não significou um fim, mas, sim, o início de um novo caminho, trilhado com fé, coragem e amor-próprio.
Diagnóstico com fé e um recomeço em Deus
Walquíria, foi diagnosticada com câncer na mama esquerda em setembro de 2019. Ela já vivia um momento delicado, pois, havia perdido a mãe no ano anterior. Mesmo assim, o medo não a dominou, foi em sua espiritualidade que encontrou força para atravessar um dos momentos mais intensas de sua vida.
“Eu aprendi que Deus jamais colocaria algo na minha vida que eu não suportasse. Foi uma situação difícil porque tinha um ano que minha mãe tinha falecido. Para a minha família, o meu diagnóstico foi sinal de outra morte.”
Acolhimento que transforma
Natural de Santa Bárbara, Walquiria, realizou o seu tratamento no HNSD. Para ela, o acolhimento foi transformador.
“A gente vive uma fragilidade muito grande durante o tratamento e se não houver acolhimento fora da família, você desanima, você prostra. Aqui no Hospital, eu me senti abraçada. Hoje, falo com toda certeza: Itabira é minha outra cidade, minha outra terra. Referência para mim em tudo, principalmente em saúde”, afirmou.
Os desafios do tratamento
A quimioterapia, mesmo sendo vista por ela como uma bênção da medicina, trouxe efeitos intensos: queda de cabelo já na primeira sessão, perda de apetite e emagrecimento rápido. Ainda assim, enfrentou tudo com coragem.
“A químio é um tratamento forte. Na primeira aplicação, meu cabelo já caiu. Emagreci muito rápido. Perdi o apetite. Tinha vontade de comer, mas a boca não pedia. Isso me abalou. Não pela estética, mas porque meu corpo já não respondia como antes.”
Autocuidado que segue firme
Sempre vaidosa, a assistente social não se deixou abalar pelas mudanças físicas. Perder uma mama e os cabelos nunca foram motivo de tristeza. Com lenço ou sem ele, ela nunca deixou de se cuidar, chegava ao Hospital arrumada, maquiada e de cabeça erguida.
“Usei lenço, mas também fiquei careca. E para mim não foi problema. Sempre me amei muito, e digo: quem ama, cuida. As pessoas me perguntavam: ‘Mulher, você tá indo pra festa?’, e eu respondia: ‘Não, vim tomar medicação’. Quem gosta de mim, vai continuar gostando com ou sem cabelo, com ou sem uma mama. A minha essência tá aqui dentro. Ninguém rouba, ninguém apaga isso.”
Ela acredita que a forma como encaramos a vida faz toda a diferença.
“Nosso cérebro nos comanda. Se você alimenta coisas boas, seu corpo responde.”
Registro feito em dezembro de 2019, quando Walquíria
ainda usava lenço – Foto: Arquivo pessoal
Fé que conduz ao propósito
Hoje, no fim do ciclo de 5 anos de tratamento, Walquíria continua seu acompanhamento com serenidade. Ao olhar para trás, reforça que tudo passa e que cada passo fez sentido.
“A gente passa pelo processo, mas quando coloca nas mãos de Deus com fé, você vivencia o propósito. A dor não define sua vida. Ela é uma fase. Ela passa. E a gente segue, mais forte.”
Mensagem para quem também está na luta
Walquíria atualmente – Foto: Comunicação HNSD
O recado que Walquíria deixa é um sopro de esperança para quem também enfrenta essa jornada.
“Nunca desistam. O que você vive hoje, por mais difícil que pareça, não define o resto da sua existência. Se amem, confiem e descansem em Deus. Tudo passa. E quando você acredita de verdade, você percebe que existe um sentido. Um propósito. E Deus? Ele existe. E está com você.”