O dia 21 de junho marca o início do inverno no Brasil e, também, reforça os cuidados com uma importante doença crônica: a asma. A asma é uma doença heterogénea com diferentes processos subjacentes. O conjunto de características demográficas, clínicas e/ou fisiopatológicas são frequentemente chamadas de fenótipos de asma. No entanto, não foi estabelecida uma relação forte entre as características patológicas específicas e os padrões clínicos específicos com a resposta ao tratamento. São necessárias mais pesquisas para que a classificação fenotípica na asma tenha utilidade clínica.
Muitos fenótipos foram identificados, alguns dos mais comuns incluem:
Asma alérgica
A asma alérgica ou asma atópica é o fenótipo de asma mais facilmente reconhecido, que muitas vezes começa na infância – (asma infantil), e está associada a história do passado e/ou familiar de doença atópica, tal como o eczema, rinite alérgica ou alergia a alimentos ou medicamentos.
O exame da expectoração induzida desses doentes, antes do tratamento, muitas vezes, revela inflamação eosinofílica das vias aéreas. Os doentes com este tipo da asma geralmente respondem bem ao tratamento com corticosteróides inalados (popularmente denominados de “bomba para asma”).
Este tipo de asma também foi denominada de asma extrínseca. A divisão entre asma intrínseca e asma extrínseca foi efectuada pela primeira vez em 1947 por Rakeman, no entanto, atualmente são termos que caíram em desuso.
Asma não alérgica
Alguns adultos têm asma que não está associada com a alergia. O perfil celular da expectoração desses doentes pode ser neutrofílica, eosinofílica ou conter apenas algumas células inflamatórias. Os doentes com asma não alérgica, muitas vezes, não respondem tão bem ao tratamento com corticosteróide inalado. Este tipo de asma é também denominada asma intrínseca.
Asma de início tardio (adulto)
Alguns adultos, especialmente mulheres, apresentam-se com asma, pela primeira vez na idade adulta. Na maioria dos casos, tende a ser não-alérgica, e muitas vezes necessitam de doses mais elevadas de corticoides ou são relativamente refratários a este tratamento.
Asma com obstrução fixa
Alguns doentes com asma de longa data desenvolvem limitação fixa do fluxo aéreo, devida à inflamação persistente e consequente “cicatrização” da parede das vias respiratórias.
Asma e obesidade
Alguns doentes obesos (excesso de peso) com asma têm sintomas respiratórios proeminentes e pouca inflamação eosinofílica das vias aéreas.
Asma ocupacional
A asma ocupacional ou asma laboral, ou seja, adquirida no local de trabalho pode ser induzida ou (mais frequentemente) agravada pela exposição a alérgenos ou outros agentes sensibilizadores no trabalho. A rinite ocupacional pode preceder a asma um ano antes. Estima-se que 5-20% dos novos casos de asma de início no adulto possa ser atribuído à exposição ocupacional. Deste modo, a asma de início na idade adulta requer uma investigação sistemática da história profissional e exposições, incluindo hobbies.
Na asma ocupacional, os seus sintomas melhoram quando o doente está afastado do local de trabalho (fins de semana ou férias). Isto é importante para confirmar o diagnóstico de asma ocupacional, pois pode levar o doente a mudar a sua profissão, o que pode ter implicações legais e socioeconómicos. Geralmente, é necessária a monitorização da função pulmonar no trabalho e afastado do mesmo para confirmar o diagnóstico.