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Jovem que faleceu no HNSD é o primeiro doador total de órgãos em Itabira

9 de junho de 2020

Helicóptero trouxe a equipe de Belo Horizonte para realizar o procedimento de retirada dos órgãos, que aconteceu pela primeira vez na cidade

A família do jovem Martinho Oliveira Júnior, de 26 anos, que teve morte cerebral, autorizou a doação total de órgãos do rapaz. Um helicóptero do Corpo de Bombeiros trouxe a equipe do MG Transplantes, de Belo Horizonte, na segunda-feira (8) para realizar o procedimento, que aconteceu pela primeira vez em Itabira.

Conhecido no meio esportivo, Júnior é filho do grão-mestre de Taekwondo Martinho Francisco. O jovem foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) na terça-feira (2), à noite, com falta de ar. Logo em seguida, na madrugada do dia 3, foi levado para o Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD). Segundo os familiares, o rapaz teve uma parada cardiorrespiratória e foi encaminhado para a UTI da unidade de saúde, mas acabou tendo a morte cerebral constatada na sexta-feira (5).

O diretor administrativo do hospital, Alexandre Coelho, confirmou ser o primeiro procedimento da retirada de órgãos realizado no centro médico. A equipe do MG Transplantes realizou junto à equipe de anestesiologistas do HNSD a retirada e avaliação de viabilidade dos órgãos. “Os órgãos estavam saudáveis. Foram retirados dois rins e o fígado e, com isso, serão beneficiados três pacientes que estão na fila de transplantes”, disse.

Alexandre Coelho também explicou sobre como ocorreu o processo de constatação da morte cerebral no paciente, que teve uma crise asmática aguda, resultando em uma parada cardiorrespiratória.

“O paciente apresentava um quadro grave. Após avaliação, os médicos já viam que tinha um indício de que poderia apresentar morte encefálica e ausência de reflexos. Foi feito um exame para constatar arteriofagia cerebral, no dia 5, em que verificou que o fluxo cerebral estava inativo. No sábado, um exame clínico, feito por dois médicos diferentes, serviu para diagnóstico final”, detalhou Alexandre Coelho.

Sobre o processo de doação

Alexandre Coelho explicou que o processo de doação de órgãos é burocrático e segue diversas etapas. “Quando há o consentimento da família ou declaração do próprio paciente, fazemos contato com o MG Transplantes e há toda uma questão burocrática e assistencial envolvida até o procedimento. Temos que avaliar o protocolo para que cada um possa preencher os critérios. Primeiro passo é confirmação da morte encefálica. Após a confirmação, acionamos o MG Transplantes, que se desloca de Belo Horizonte até o local. O paciente é encaminhado ao centro cirúrgico para que a equipe médica avalie a viabilidade dos órgãos e, depois, faz a captação”.

O diretor administrativo também vê com bons olhos a decisão da família e acredita no avanço desses procedimentos na cidade. “A doação de órgãos é um ato nobre que significa salvar vidas, mas ele é burocrático. Para a família, sem dúvidas, é a parte mais difícil, pois se encontra em um momento de dor imensurável e, ainda, consegue ter a capacidade de pensar no outro. Que outras famílias da cidade se inspirem neles. Para a instituição, sem dúvidas, é sinal de avanço no atendimento de altas complexidades que chegam até aqui e fica a sensação de esperança pelo ato de altruísmo realizado pela família do paciente”, finalizou.

“Ensinamento de se preocupar com o outro”

A redação da DeFato conversou com os familiares do jovem sobre a decisão de realizar a doação de órgãos. De acordo com Maycon Douglas Rosa, primo de Júnior, a doação de órgãos sempre foi um desejo do jovem.

“Ele sempre foi um rapaz muito solidário, humano e preocupado com o outro. Ele tinha uma sensibilidade muito grande e já tinha falado sobre a doação de órgãos e o quanto isso era importante caso lhe acontecesse algo. Por mais que estejamos agora em um momento de perda de alguém tão importante para a gente, nós temos que aprender a celebrar a vida e é isso que ele está fazendo”, disse Maycon.

O primo do itabirano também ressaltou que apesar de um momento de extrema tristeza, a família está se apoiando na informação de que outras famílias receberão uma segunda chance de vida.

“Além de todo esse legado que ele deixou pra gente, Juninho mostrou um ensinamento que é de se preocupar com o outro. Com pessoa que nem se conhece e a gente fica feliz de saber que algumas famílias estão, nesse momento de tristeza, tendo uma segunda chance. Essas famílias vão ficar felizes recebendo uma parte do Martinho”, finalizou Maycon.

“Meu coração está ferido, mas estou feliz de ter tido um filho com essa grandiosidade”

A doação dos órgãos do jovem Martinho Oliveira Júnior só foi possível porque em vida ele havia comentado sobre o assunto com sua mãe e externado sua vontade. Foi o grão-mestre de Teakwondo, Martinho Francisco, que fez o comunicado aos médicos após saber da morte cerebral do filho.

“Juninho teve uma passagem curta, mas intensa e de muita doação. Sempre foi um menino estudioso, gentil, elegante e simples. Sua atitude espontânea só demonstra sua grandiosidade. Falo isso na como pai, mas como observador e amigo que sempre fomos. Foi um gesto de despendimento e doação. Juninho acredita que as pessoas vêm ao mundo para servir. Ele vai estar vivo e dar vida há várias pessoas que estavam na escuridão e ânsia por um milagre, a espera de uma ligação, uma notícia que há um órgão para ser doado. Meu coração está ferido, mas estou feliz de ter tido um filho com essa grandiosidade”, comentou Martinho Francisco.

Fonte: DeFato Online.

 

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